26 de março de 2007

988 palavras de Santos. Barroco sentido

Eis o manifesto dos portugueses de Santos.

Arquive-se.

Manifesto dos portugueses de Santos (Brasil)

ESTAMOS DE LUTO

Um pedaço de Portugal está morrendo.

A Comunidade Portuguesa dos Municípios que compõem a área de Circunscrição do Consulado de Portugal em Santos está de LUTO.

Nossa raça, originalmente emigrante por necessidade, ordeira e acolhida com respeito pelo mundo, é desrespeitada de forma obtusa, e grotescamente ignorada pelas autoridades que hoje compõem o Governo Português.

No inicio do século passado fugíamos, para que não fizéssemos parte da lista das vítimas da tropa. Quando jovens ainda acalentado sonhos, eram obrigados a servir o exercito por três anos, embarcando nos navios Vera Cruz e Santa Maria com destino à estúpida guerra de além-mar nas colônias portuguesas da África. Muitos tiveram suas vidas ceifadas em plena flor da idade, pelo desumano, cruel e selvagem regime Salazarista.

Após a revolução dos cravos na metade da década de 70, pelo titulo dado à revolução, entendia-mos que nossa pátria viveria a era florida, surgiriam homens de notável saber político e fariam jorrar calor humano e benesses há tanto tempo ausentes, nasceria uma nova esperança a mudar os destinos de tão sofrido povo, residente ou não em Portugal.

Mas, testemunhamos com asco e repugnância o nascimento de dois partidos majoritários, que lotearam politicamente o país e se digladiam pelo poder, deixando com seus desatinos a nação á própria sorte, e ao "relento" da invernia seus filhos distantes.

Se anteriormente tinha-mos regime de exceção, onde o Salazarismo monitorava cada português, mandando seus jovens morrer na guerra de além-mar, hoje, o mundo assiste a uma política interna medíocre, estagnada, inoperante, onde a luz dos governantes é dos tempos das candeias, a ponto de ser vigiada constantemente pela Comunidade Européia.

Somos os primeiros dos piores países membros de uma comunidade que celebra 50 anos. A incompetência de alguns homens do poder é tão pálida, que decidiram abandonar definitivamente a todos que buscaram dotar seus destinos de um amanhecer de esperança.

O emigrante, mesmo esquecido por seus maiores, é responsável pela terceira receita do país, com remessas legais enviadas dos quatro cantos do mundo.

E, quando voltamos ao "colo" de nossos amores, somos tratados como "retornados", se visitamos nosso país a turismo, somos recebidos como "estrangeiros".

O Consulado de Portugal em Santos, recebeu como dirigentes na ultima década a escória da Diplomacia Portuguesa.Grassam rastros desairosos e ainda permeiam conversas sobre tais cidadãos na sociedade local. Foram e são incapazes de promover um único ato Cultural em uma cidade que abriga seis Universidades. Foram e são incapazes de participar de clubes de servir, praticam a ausência permanente em todas as atividades das entidades Luso Brasileiras, mesmo nas datas mais especiais registradas na historia de nossa pátria, como o dia 10 de Junho.

Só não é total o abandono, porque fomos premiados por um Vice Cônsul de nobreza singular, que cura nossas feridas com mãos cirúrgicas, o que torna nossas cicatrizes menos doloridas.

Um governo que fecha escolas,fecha urgências e reduz tribunais, marcha celeremente para o autoritarismo.

Fechar um Consulado alegando reduzir custos, não passa de mais uma inverdade, decisão cega de plebeus. Aliás, tivessem apenas estreita visão, dotariam a cidade como outras existentes, um Cônsul honorário em um "OFFICE CONSULATE", e todos nós, Cristãos e tolerantes, aplaudiríamos a decisão.

O Consulado de Portugal em Santos é auto-sustentável. São dezenas de portugueses e seus descendentes, alem de cidadãos brasileiros que a afluem ao local diariamente, pagamtudo ao Governo Português. Ao adentrar a porta para acesso à longa escadaria, começam a gerar receita aos cofres do Consulado.

Senhores membros do governo Português, nossa história é repleta de brilhantes páginas. Obras que agregam sabedoria e valor á cultura Universal. O mundo curva-se ao homem simples de origem portuguesa, que por onde passa produz, alavanca crescimento, é ordeiro e integra-se com respeito na sociedade onde vive, mas não esquece de fincar bem alto o pavilhão nacional português, para que tremulando ao sabor dos ventos anuncie; ali tem uma comunidade de bem.

Os membros do atual governo Português são estrábicos, estão dilacerando o pavilhão nacional que tremula no mastro da rua D. Pedro II. Preparam-se para balbuciando, borrar com mãos infiéis nossa bela historia. Vão ser os autores da mais negra página portuguesa escrita na historia da acolhedora e generosa Cidade de Santos, terra um dia palmilhada por ilustríssimos homens de origem portuguesa, como Martim Afonso de Souza e Braz Cubas seu fundador, entre tantos outros altruístas.

Uma terra que acolhe com extrema fidalguia e esperança todos os senhores quando candidatos, que o digam Mário Soares e o senhor Presidente da Republica Cavaco Silva, na recente visita de campanha.

Mas quando se tornam em excelências, viram as costas á Comunidade Portuguesa, oferecem desprezo e omissão, pois este é seu conteúdo maior a oferecer, donos de espíritos vagos, ouvidos moucos e coração vazio. Nada habita a alma de cada um.

São frios, calculistas e antidemocráticos. Iludem o povo com promessas vãs, prática dos amorfos, usurpam de seus filhos distantes o quase nada de serviços que lhes é vendido no Consulado, "a cotação a Euro".

Pobre país. Após viver décadas na lama política, não encontra cidadãos á altura de sua história remota, para confiar-lhe com segurança o destino da nação. A honrada Comunidade Portuguesa da Baixada Santista, repudia os responsáveis por tão insensível decisão. E por isso fará registrar em todas as localidades Luso-Brasileiras locais, a relação de todos os membros responsáveis pela traição.

As entidades responsáveis por esta carta aberta, tentarão ainda agendar uma visita a Lisboa, para fazer uma representação pessoal aos senhores primeiro Ministro e Presidente da República. Falaremos pela Comunidade Santista que nos outorga poderes para tanto.

Entregaremos esta nossa carta aberta, para que sintam; democracia é coexistir com contrários em harmonia. Praticá-la, é ouvir pleitos de um povo eleitor, por mais contrários que sejam a nosso pensamento. Nenhum país deverá negar a palavra a seus filhos.

Centro Português, Sociedade União Portuguesa, Sociedade Portuguesa de Beneficência, Escola Portuguesa, Casa de Portugal, Casa da Madeira, Tricanas de Coimbra, Elos Clube, Associação Atlética Portuguesa

1 comentário:

Anónimo disse...

Parabenizo o ilustre redator da carta aberta acima e deposito minha total solidariedade com a comunidade portuguesa da baixada santista que nessa carta está sendo brilhantemente representada. Talvez estas verdades amargas possam clarear a visão deturpada dos infiéis que patrocinam esta absurda aniquilação de nosso consulado e de nossas raízes. Francisco Calado