14 de novembro de 2008

É com grande prazer que encerro a sessão de abertura 2.º discurso de Teresa Ribeiro

Tratava-se da 6.ª Conferência Anual da Federação Europeia de Institutos Nacionais para a Língua, foi a 13 de Outubro, no Instituto Camões. E nisso, o 2.º discurso de Teresa Ribeiro, secretária de estado Adjunta e dos Assuntos Europeus. No final, aquela frase: "De todas as línguas se avista um território imenso. Parafraseando um inspirado escritor português, eu diria 'Da minha língua vê-se o mar'. "

Com certeza que parafraseando, diria. Mas, em vez do estafado eu diria, o que custava a Teresa Ribeiro pronunciar o nome do inspirado, que não foi apenas "um escritor português" mas Vergílio Ferreira?

Como título, alguém diria:

E se não houvesse Brasil?

Não se pode omitir. Ponto final.

Mas o discurso foi este, exactamente:

    "
    É com grande prazer que encerro a sessão de abertura desta 6ª Conferência Anual da EFNIL que decorrerá, hoje e amanhã, aqui no Instituto Camões. Tutelado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, atentas as responsabilidades que lhe cabem em matéria de promoção e ensino da língua portuguesa no estrangeiro, o Instituto tem assumido um papel reconhecidamente activo na área do multilinguismo, merecendo, a este propósito, alusão o seu envolvimento, durante a Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, nas iniciativas desencadeadas pela Comissão e pelo próprio Comissário Leonard Orban, no contexto de uma política de promoção do multilinguismo e de preservação do pluralismo linguístico, especialmente acarinhada pelo Governo português.

    Enquanto instrumento de comunicação entre os povos, as línguas constituem-se hoje numa mais valia para a criação de um espaço coeso europeu, viabilizando a participação no mercado da informação e do conhecimento e, nessa medida, conferindo-lhe também especial importância na internacionalização económica. Um dos grandes desafios europeus deste século será, assim, o de transformar o multilinguismo e o multiculturalismo numa oportunidade para o mercado global.

    Admitindo que existe uma língua franca no mundo dos negócios, é hoje igualmente reconhecido que o conhecimento de línguas adicionais, associado à apropriação do conhecimento da dimensão sócio-cultural que lhes é própria, tenderá a traduzir-se numa vantagem competitiva para as empresas, contribuindo, assim, para o crescimento económico em geral e para a promoção de mais emprego.

    Neste contexto, Portugal tem naturalmente o seu próprio desafio, materializado na necessidade de afirmar o português como uma das principais línguas de comunicação global na Europa e no mundo.

    O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia reconheceram recentemente o facto de "algumas línguas da UE, referidas como línguas europeias de comunicação universal serem também faladas num grande número de Estados não membros, em diferentes continentes", constituindo "uma ponte importante entre os povos e as nações das diferentes regiões do mundo".

    O Português é caso singular na Europa e no mundo e é, reconhecidamente, a terceira língua europeia de comunicação universal, em termos de número de falantes, 200 milhões de pessoas, espalhadas pelos cinco continentes, sendo hoje o vínculo que congrega oito Estados-membros da UNESCO (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste) na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e cuja expansão se faz sentir em especial na América e em África.

    O Português será, certamente, uma das grandes línguas de comunicação internacional e uma língua de futuro, cabendo-lhe, sem dúvida, um papel protagonista na construção do espaço europeu e do lugar da União no mundo.

    Importa, pois, através de políticas multilingues activas e estruturantes permitir o aproveitamento integral das virtualidades próprias da língua portuguesa, aqui muito sucintamente referidas.

    Desejo a todos os participantes nesta conferência a continuação de um excelente trabalho, esperando que, da reflexão conjunta sobre um temário ambicioso, novas ideias e novos caminhos em matéria de política linguística na Europa possam fazer o seu curso, não apenas pela actualidade política que todos lhe atribuímos, mas também por se tratar desse continente imaterial em que sabiamente respiram a nossa identidade, a nossa mundividência e, naturalmente, também as nossas emoções.

    De todas as línguas se avista um território imenso. Parafraseando um inspirado escritor português, eu diria “Da minha língua vê-se o mar”.

    Obrigada.

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