3 de agosto de 2006

História. Holanda/MPLA. O que o Sr. Sietse Bosgra diz saber...

Segue cópia de regsito noticioso sobre um recente seminário em Luanda promovido pela Embaixada da Holanda em Angola (finais de Junho), sobre o apoio holandês ao MPLA e recusa à UNITA. Destaques de NF.

Porque é História, arquive-se.



Jonas Savimbi, a Holanda
e a luta de Libertação Nacional


(Transcrito do site oficial de UNITA)

Jonas Savimbi foi mais uma vez oficialmente evocado em Luanda num seminário convocado pela Embaixada da Holanda, destinado a abordar a contribuição daquele país para a independência de Angola. A cerimónia contou com a presença de Paulo Jorge, dirigente histórico do MPLA, para além de outras personalidades .

O seminário tratou do envolvimento holandês na luta de libertação de Angola, através do “Comité Angola” uma organização criada na Holanda para apoiar a luta pela liberdade dos povos, dirigida por Sietse Bosgra, especialista em física nuclear.

Tudo começou quando um estudante de história indagou sobre os propósitos do apoio holandês ao MPLA numa altura em que já havia outros dois movimentos de libertação. Em resposta, Bosgra afirmou ter contactado com Jonas Savimbi na Suíça, mas que a sua organização não prestou ajuda à UNITA porque, segundo declarou “ Savimbi não recusava apoios mesmo que viessem dos americanos e os americanos apoiavam os portugueses. Por isso preferimos apoiar o MPLA”.

Esta afirmação choca com a História real, uma vez que segundo Jonas Savimbi, num dos seus seminários na Jamba, em 1990, os holandeses não apoiaram a UNITA porque “não encontraram em nós laços de identidade”. O problema, prosseguiu Savimbi “não foi ideológico, mas tão apenas cultural”. Disse mais: “Quando os holandeses me contactaram, pediram que estivesse presente o Van Dunen. Como não o tínhamos, nunca mais voltaram”. Na verdade só assim se pode compreender os motivos que levaram uma organização não comunista como é o “ Comité Angola” a apoiar o MPLA que na altura gozava do apoio soviético. Na verdade, o Movimento Popular de Libertação de Angola tinha e ainda tem muitos Van Dunen (s) . Citando ainda Jonas Savimbi, o interesse holandês por Van Dunen (s) estaria intrinsecamente ligado a sua passagem por Angola, cujas marcas prevalecem ao longo dos séculos, sobretudo em Luanda, a então São Paulo de Loanda.

Nas suas memórias Jonas Savimbi fez saber que falhados os encontros com os paises baixos, as atenções voltaram-se para a URSS onde o problema foi ideológico: “Queriam que fossemos marxistas leninistas e que nos fundíssemos no MPLA, quando nós queríamos ser sociais democratas à maneira africana. Foi quando surgiu Sukarno que nos aconselhou a irmos para a China” disse Savimbi, na Etalala uma das suas bases nos arredores da Jamba. “Os Chineses, embora comunistas estavam interessados em apoiar os povos oprimidos e ajudaram-nos até à morte de Mao Tse Thoung.”

Voltando a falar do Dr. Bosgra, importa salientar que o argumento avançado não corresponde a verdade histórica porque quando o “Comité Angola” contactou com o Dr Savimbi, a Holanda já era membro da OTAN e por conseguinte, aliado Norte americano. Quanto as alianças com os Estados Unidos, Jonas Savimbi sempre afirmou que “todos querem estar bem com os americanos e que a UNITA nunca foi excepção”, embora a política americana em relação a Portugal de Salazar, fosse controversa. “ Na luta anti colonial não tivemos qualquer ajuda americana. Salazar ao não precipitar Portugal para a segunda guerra Mundial, escapou da pressão internacional para a independência das colónias europeias”.

Recorde-se que a Holanda, em 1975 não ajudou oficialmente o MPLA, porque havia três movimentos de libertação nacional reconhecidos, mas fê-lo indirectamente através de um país africano não identificado pelo Professor Bosgra. “ Pedimos a um oficial da OUA para exercer influencia na organização de formas a apoiar o MPLA. Os nossos apoios através da OUA ajudaram a estabelecer os comités do MPLA em Luanda” afirmou Sietse Bosgra no Museu de História Natural em Luanda, em finais de Junho deste ano.

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