Transmite-se cópia da Carta do Canadá, de Fernanda
Leitão. Para que conste ou passe a constar.
Arquive-se.
CARTA DO CANADÁ
Fernanda Leitão
MANTÉM-SE O EQUÍVOCO
A exemplo do que já tem acontecido em eleições anteriores, os resultados mostram-se inequívocos no Portugal europeu e inalteravelmente equívocos no Portugal Emigrado. Nada se fez nem faz para alterar este estado de coisas.
A verdade é somos mais de 4 milhões de portugueses a viver no estrangeiro e apenas 150 mil estão recenseados. A explicação para tão baixo número não é apenas o alheamento deste eleitorado, é sobretudo o completo desinteresse dos consulados no recenseamento. Se houvesse interesse em recensear grande número de emigrantes, haveria que abrir postos de recenseamento, durante um mês, a partir do meio da tarde até à noite, bem como aos fins de semana, pois é absolutamente utópico pensar que as pessoas vão perder um dia de trabalho para obter o seu cartão de eleitor. Esta medida teria de ser tomada, também, no interior do país de acolhimento, e não apenas nas grandes cidades. Não se procedendo assim, porque o governo de Lisboa não quer, porque os consulados não querem, o recenseamento é diminuto e, no círculo Fora da Europa, mantém-se o aparelho do PSD, que por 26 anos se manteve nesta área a tecer a sua rede de interesses que não a construir fosse o que fosse de positivo.
E no entanto, os dois deputados PSD eleitos Fora da Europa ganharam por uma curta margem de votos, o que mais confirma o acima explanado. Na verdade, só por bambúrrios destes podia ter ganho José Cesário, que enquanto deputado foi um zero e enquanto secretário de estado das Comunidades foi uma nódoa, tendo criado situações tão aberrantes que bem se pode dizer que ele deixa uma pesada herança ao novo ministro dos Negócios Estrangeiros. Muito vai o novo ministro ter que limpar. Oxalá se faça um recenseamento a sério para ver se passam a votar 500 mil emigrantes, ou mais, e assim terem peso perante quem, até agora, só viu nos emigrantes máquinas de enviar dinheiro para Portugal e de alinhar nestas farsadas eleitorais que têm servido apenas, e só, para legitimar o que Nação gasta com deputados e secretários de estado feitos à imagem e semelhança de Pedro Santana Lopes: incompetentes, irresponsáveis e abusadores.
A nota positiva a registar é que Cesário vai ter um mandato muito difícil. Bem o merece.
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