14 de maio de 2008

Vaticano já no novo Acordo Ortográfico...

Atualmente, ator, ação - apenas três palavras (únicas também, que contendem com o português dos vereadores, para se verificar como o Vaticano opta.

21 conselheiros de embaixada

aprendem diplomacia papal


Da Rádio Radio Vaticano, hoje (14)

O papa "é o primeiro embaixador vaticano no mundo": foi o que disse o secretário das Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti (na foto).

Segundo ele, a "vocação" da Santa Sé à diplomacia vem de tempos longínquos e hoje é mantida viva precisamente por aquele que pode ser considerado o primeiro verdadeiro "agente diplomático": o papa, que, "com a sua palavra, as suas viagens e os seus apelos, é o primeiro embaixador vaticano no mundo".

Dom Mamberti inaugurou ontem na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, a segunda edição do curso sobre a diplomacia da Santa Sé, desta vez dedicado aos diplomatas africanos, organizado pela Universidade Gregoriana e pelo Instituto Internacional Jacques Maritain.

O curso deste ano está obtendo o sucesso da primeira edição, realizada no ano passado, da qual tomaram parte embaixadores do Mediterrâneo e do Oriente Médio.

"O sucesso da ação diplomática pontifícia é testemunhado pela atenção com a qual cada vez mais pessoas no mundo vêem o papa como ator de paz, sobretudo quando eleva sua voz para recordar as exigências do bem comum, o respeito da pessoa humana e dos direitos civis", observou Dom Mamberti.

Ele acrescentou que nenhum outro mais do que o "homem africano, com as suas aspirações, os seus dramas, os seus lutos e as suas ressurreições", pode ser destinatário e, ao mesmo tempo, portador de uma paz que passe também através da diplomacia.

Eis então que nesta ocasião se renova "a atenção e a sincera afeição" da Igreja Católica pela África, "um continente que não está imóvel, mas que caminha e que possui sabedoria e recursos para enfrentar e resolver a sua difícil situação".

E se a África superar por meio da mediação internacional e da busca do consenso a grave crise na qual se encontra, disse Dom Mamberi, "será talvez também graças aos vinte e um conselheiros de embaixadas presentes no curso". Eles aprenderão nas próximas duas semanas (em Roma até o dia 19 e em Turim dos dias 20 a 25) os "aspectos salientes" da política exterior vaticana.

O interesse da Santa Sé pelo continente africano é muito grande, como recordou Dom Mamberti, e os dados testemunham que se desenvolve em vários níveis. Atualmente, 49 dos 53 países africanos mantêm relações diplomáticas bilaterais com a Santa Sé.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Língua portuguesa está a passar por um período de implantação, quer nos países Africanos de Língua Portuguesa, quer em Timor Leste. Na Guiné-Bissau esteve até para ser adoptado o Francês como língua oficial e em Timor-Leste o Inglês. Daí será fácil concluir que a língua portuguesa nas nossas ex-colónias não ficou muito bem cimentada. Esses países já não são colónias portuguesas, são livres e tanto poderão seguir o português falado em Portugal, por 10 milhões de habitantes, como o português falado no Brasil, por 220 milhões. De acordo com um debate na TV, ainda não há muito tempo, foi declarado por um escritor angolano que já não escrevia as letras mudas. Não será isto um sinal...

Se Portugal teimar em não se aproximar da versão de português do Brasil sujeita-se a ficar só e, mesmo assim, não vai conseguir manter a pureza da língua porque ela evolui todos os dias, independentemente da questão que agora se nos põe: todos os dias há termos que caem em desuso e outros novos que são adoptados pela nossa língua, em especial termos ingleses que são adoptados sem quaisquer modificações.

Se não houver aproximações sucessivas ambas as versões do português continuarão a divergir e daqui a algumas gerações serão línguas completamente distintas. Será então a altura de Portugal confirmar que saiu a perder porque ficou agarrado a um tabu que não conseguiu ultrapassar.

O Brasil tem um impacto muito maior no mundo do que Portugal, dada a sua dimensão, população e poderio económico que em breve irá ter. O nosso português tem hoje algum peso muito em função dos novos países africanos PALOPs ) e de Timor Leste, mas ninguém garante que esses países não venham um dia a aproximar o seu português da versão brasileira e há até já alguns sinais nesse sentido. A população do Brasil permite altas tiragens das publicações que ficarão mais baratas e, se houver maior harmonização, as editoras portuguesas (e amanhã dos PALOPs ) poderão vender mais no Brasil.

Se Portugal permanecer imutável um dia poderá ficar só: a língua portuguesa de Portugal será então considerada uma respeitável língua antiga (o Grego é ainda mais), da qual derivou uma outra falada e escrita por centenas de milhões de habitantes neste planeta. O nosso orgulho ficar-se-á por aí e pronto!

Ambas as versões de português têm uma raiz comum e divergem há cerca de duzentos anos. Outros duzentos e já não nos entenderemos: terão que ser consideradas duas línguas distintas.

O acordo ortográfico é uma decisão apenas política e quanto aos linguistas, apenas terão que assimilar as alterações e segui-las. Não se poderá alterar por decreto que uma molécula de água passa a ter dois átomos de oxigénio e outros dois de hidrogénio; ou que 5 vezes 5 passa a ser 28. Mas poderá alterar-se por decreto a grafia de "acção" para "ação" e quem não aceitar a alteração passa a cometer um erro. Com todo o respeito, mas também não são os Juizes que legislam, apenas têm que interpretar e aplicar as leis.

Portugal nada ganhará de imediato com a alteração mas tem muito a perder no futuro se rejeitar agora o acordo que o Brasil está disposto a aceitar.

Zé da Burra o Alentejano