24 de janeiro de 2006

Cabinda. 2006 começa negro

Transmite-se a VEXA informe prestado pelo porta-voz da Mpalabanda – Associação Cívica de Cabinda, cujo nome não reproduzimos por razão de segurança. Possivelmente o embaixador de Portugal em Luanda, Xavier Esteves terá já feito chegar às Necessidades este relato semelhante a outros de quse todos os dias. Ou não? Se calhar, não.

Arquive-se.

SEGUE:

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Em Cabinda, 2006 começa negro
FAA matam o Coordenador da Aldeia de Mbata-Missinga


Na manha de Segunda-feira, 2 de Janeiro de 2006, Francisco Banheva (também conhecido por Mais Velho Chico), de cerca de 40 anos de idade, filho de Francisco Buquenhi e de Pascoalina Bueia, natural de Mbucu-Chivava e residente em Mbata-Missinga, aldeia onde ocupava a função de Coordenador, foi surpreendido na sua lavra por um grupo de militares das FAA em número não determinado, em companhia de sua esposa Rosa Pemba. Mais Velho Chico foi brutal e violentamente espancado pelos militares, furiosos pelo facto de o Coordenador da aldeia se ter "esquecido" de que, na Comuna do Ncutu, as populações só podem ir às suas lavras às Terças e Sextas-feiras, conforme determinação das FAA, no Mayombe.

Os maus-tratos infligidos a Francisco Banheva foram tão pesados que o deixaram em estado de coma. A sua esposa, Rosa Pemba, foi obrigada pelos militares a assistir a toda aquela cena de pancadaria e tortura, que só terminou quando a vítima jazia no solo, envolvo em sangue. Depois de o marido ter sido abandonado pelos seus agressores, ela foi chamar o Regedor Pedro Bastos Pambo que, por sua vez, deu a conhecer o caso ao Administrador Comunal do Ncutu, José Manuel Gomes. Estes, com medo de eventuais represálias por parte das FAA, optaram por aconselhar a população a transportar, em silêncio, a vítima ao posto de socorro, onde viria a falecer no dia seguinte, Terça-feira, 3 de Janeiro.

Trata-se de mais uma morte que se vem juntar a tantas outras que ocorrem um pouco por todo o Enclave de Cabinda, sobretudo na região do Mayombe onde impera a lei da baioneta. Na zona do Ncutu, estes actos de pura e sistemática violação dos direitos humanos, têm sido protagonizados pelos militares pertencentes às unidades estacionadas próximo das aldeias de Mongu Lima, Mbucu Chivava e Tandu Búcutu.

As populações locais, impotentes perante os canos das armas dos militares do exército angolano, apenas em surdina exprimem a sua incontida revolta e profunda apreensão. Com mais este episódio, logo no princípio do ano, crescem os receios de que 2006 seja também um ano negro para Cabinda e os cabindas.

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