3 de abril de 2004

Telegrama da diplomata Miquelina de Valadas e Winter

Duvida-se dos critérios de como esta funcionária diplomática foi admitida, mas, em todo o caso, submete-se a apreciação superior o telegrama seguinte, admitindo-se que possa animar a viagem para Tóquio.

Arquive-se.

«QUENTES & BOCAS

«Se calhar o CCP leu as NV mas não prestou atenção e por isso é que nunca acerta com a ministra Teresa Gouveia. É muito distraído esse conselho, para além de honorário - como os cônsules feitos a martelo por Xejário, o Vivaxo.
Na composição do actual CCP há um membro do Canadá, aliás com poucos anos de estadia neste país, a quem foi retirado o mandato de deputado suplente à AR porque a lei não permite o exercício do cargo a quem tem outra nacionalidade para além da portuguesa. Foram os do PS que deram por isso e disseram à Manuela Aguiar, ao Xejário e outros distraídos: "alto e pára o baile". Nós compreendemos o que são misérias, todas as migalhinhas servem ao PSD que, depois de 20 e tal anos de pedra e cal no Canadá, é contestado por todo o mundo e seu pai. São distracções em cima de distracções...
«Então não é que, em mandato anterior do CCP, um dos principais do naipe canadiano era um sujeito que defraudou o estado canadiano em mais de meio milhão de dólares, não pagando impostos, e que por isso foi julgado e preso? Pois aqueles distraídos senhores do CCP não só não o convidaram a saír, como fizeram um grande silêncio sobre o assunto.
Depois desta barraca é vê-los, ao antigo preso e ao antigo deputado suplente, ombro a ombro, aí por restaurantes e cafés, a darem-se ares de virgens ofendidas.
«Que eu, palavra de Miquelina, vejo isto tudo tão desalmado que já nem sei se é distacção, se é chica-espertice ou apenas falta de vergonha.
«E depois aquelas desaires do cônsul, coitado, que tem uma largura de abraço que nem uma palataforma de carro eléctrico: cabe lá sempre mais um mangas. De alpaca ou do que calhar.
Ainda há dias, pouco antes de o Xejário vir a Toronto mais uma big comitiva para ensinar aos portugueses que cá vivem há 50 anos, e têm só no Ontário mais de 100 clubes, associações e irmandades, como é que devem organizar associações e administrá-las, acção governativa de fazer rir um morto, ainda há dias, o cônsul Magalhães foi a London, no sul da província, pôr água na fervura, ou melhor dizendo, aparar nas largas costas as sarrafadas guardadas para o liustre filho de Bijeu. Porque o que por lá vai de descontentamento com o entremez dos "cônsules honorários", nem vos conto. Ninguém os engole. Mas se lhes derem passaportes vermelhos, então vai ser bonito, engolem-nos com molho de tomate que também é vermelho. Parece que o cônsul conseguiu sobreviver à tempestade e até um compatriota nosso, cheio de boa vontade, o convidou para jantar. Com aquela plataforma de eléctrico entre os braços, o diplomata aceitou e, distraído, perguntou logo se podia levar com ele um dos "cônsules homorários". O nosso compatriota deu um salto e um berro: "Não pode, não senhor! O Forno não se senta à minha mesa!". Se o diplomata tem sugerido o padre Lúcio, apanhava a mesma resposta, sem diplomacia nenhuma.
«Logo de seguida, em Toronto, um empresário convidou o cônsul para jantar, porque ou bem que há diplomacia económica do ora-agora-jantas-tu, ora-agora-janto-eu, ou a lógica governamental é uma batata grelada. E vai o cônsul, sempre distraído, perguntou se podia levar com ele um membro do CCP e presidente duma associação de clubes, que na prática tem sido assim uma espécie de impedido do oficial em comissão nesta guerra de Portugal pelo mundo. O convidante concordou, em voz sumida, e atravessada, mas depois comentou o caso em voz bem alta e audível em vários lugares da comunidade. Uma peixeirada. Que era um abuso, disse o homem. E não é, senhores, não é, que esta gente do MNE não é de abusos. É tudo distracção, andam com a cabeça no ar e depois dá disto.
«Já agora sempre vos digo que a assembleia magna do Xejário e comitiva, que deve ter custado um dinheirão aos contribuintes portugueses, foi um quase fiasco. Na conferência de imprensa, quase todos os meios de comunicação lusófonos estiveram ausentes, não ligaram peva ao assunto. Nas "aulas" destinadas a ensinar a fazer clubes que prendam a juventude, apareceram cerca de 30, convencidos que dali vem massa. O resto, que é quase o dobro, marimbou-se. O pessoal deitou de contas que quem cá vive é que, bem ou mal, organiza a comunidade, não tem que receber ordens de governo nenhum nem de aturar estes mestres de pacotilha que nem os departamentos governamentais sabem gerir em condições. Ora se eles fossem dar uma volta ao bilhar grande...
Isto é que vai um ano!

«Até qualquer dia. Boa Páscoa e beijinhos da Miquelina»

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