15 de abril de 2004

Embaixador João Augusto de Médicis.

Faleceu um grande diplomata que estava a credibilizar, tanto quanto lhe foi possível, a CPLP.

Arquive-se.

JOÃO AUGUSTO DE MÉDICIS

SECRETÁRIO EXECUTIVO DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

JOÃO AUGUSTO DE MÉDICIS nasceu a 18 de agosto de 1936 em Recife, capital do estado nordestino de Pernambuco.

Estudou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro e se graduou em 1958 pelo Instituto Rio Branco (Academia Diplomática Brasileira).

Diplomata de carreira, foi nomeado em 1959 Terceiro Secretário do serviço exterior brasileiro. Pouco após sua nomeação foi escolhido para participar de estágio profissionalizante na Organização dos Estados Americanos. Sempre promovido por merecimento, atingiu o grau de Embaixador em 1981.

No Ministério das Relações Exteriores, serviu como colaborador dos Ministros Afonso Arinos de Melo Franco e António Francisco Azevedo da Silveira, dois Chanceleres brasileiros que se notabilizaram pela ênfase que deram a uma política externa voltada para África, em particular para os países africanos de língua portuguesa.

Exerceu igualmente as funções de Chefe do Serviço de Relações do Ministério das Relações Exteriores com o Parlamento, em momento de particular sensibilidade política, já que coincidente com o início do processo de reabertura democrática no Brasil.

Dirigiu igualmente os Departamentos do Oriente Médio e do Protocolo. De 1996 a 1999 foi Subsecretário Geral do Serviço Exterior. Como titular do terceiro posto na hierarquia do Ministério, exerceu por diversas vezes o cargo de Ministro de Estado Interino.
Seu primeiro posto no exterior foi na Missão do Brasil junto às Nações Unidas, onde serviu de 1962 a 1965, assessorando o Delegado Permanente do Brasil nas Comissões Política e Política Especial da Assembleia Geral e no Conselho de Segurança.

Foi posteriormente removido para Porto-Príncipe (Haiti) – 1966 – quando lhe coube, como Encarregado de Negócios, negociar salvo-conduto para cidadãos haitianos que se haviam asilados na Embaixada do Brasil, após frustrada tentativa de sublevação contra o regime Duvalier. Entre 1970 e 1975 serviu como Conselheiro nas Embaixadas do Brasil em Londres e Buenos Aires.

Em 1984 foi designado Embaixador em Nairobi (Quênia) e Representante junto ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e ao Habitat.

Distinguiu-se como Presidente tanto da Comissão Especial de Redação do Conselho Diretor do PNUMA, quanto do Grupo de Representantes Permanentes junto às duas agências e do Comitê Intergovernamental que, paralelamente à Comissão Bruntland, deveria avaliar as perspectivas ambientais para o novo milênio. Como Conselheiro Especial, assessorou a Delegação Brasileira à II Conferência Mundial da Mulher (1985).

Voltou a participar como Conselheiro Especial da III Conferência Mundial da Mulher em 1995 (Pequim).

Nesse mesmo período, exerceu cumulativamente, como Embaixador não-residente, a Chefia das Missões diplomáticas em Kampala (Uganda), Port-Louis (Maurício) e Addis-Ababa (Etiópia), onde lhe cabia igualmente a missão de observador junto à OUA.

Em Roma, onde, entre 1987 e 1990, serviu como Representante do Brasil junto à FAO, ao PMA (Programa Mundial de Alimentação) e ao FIDA (Fundo de Desenvolvimento Agrícola) presidiu a G-77 de países em desenvolvimento e à I Comissão da Assembleia Geral da FAO em 1988.

Em 1990 foi designado Representante Pessoal do Secretário Geral das Nações Unidas para a Organização e Supervisão das eleições no Haiti.

A esse propósito, caberia citar o testemunho do Secretário Geral, Perez de Guellar, que atribuiu os bons resultados da missão de observação à “extraordinária liderança exercida por João Augusto de Medicis”.

De Roma foi transferido como Embaixador, sucessivamente para Varsóvia (1991 – 1993), Pequim (1994 – 1996) e Santiago (1999 a 2002).

Eleito em 1998 e reeleito em 2001 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, é membro da Comissão do Serviço Público Civil Internacional, responsável pela regulamentação das actividades do funcionalismo da ONU e de suas agências especializadas.

O Embaixador João Augusto de Medicis foi casado com a jornalista Adriana Zarvos de Medicis e deixa cinco filhos.

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